O vírus do papiloma humano, mais conhecido no Brasil pela sigla HPV do seu nome em inglês, é na verdade um grupo de mais de 100 tipos diferentes de vírus, todos transmitidos de uma pessoa para outra nas relações sexuais, sendo, portanto, a doença que ele causa uma IST – infecção sexualmente transmissível.

Aqui trataremos apenas dos HPV que causam lesões genitais e que estão relacionados ao câncer do colo uterino.

Cerca de 80% dos homens e mulheres que tiveram relações sexuais já tiveram contato com o vírus. Como é muito comum, esse contato acontece geralmente nas primeiras relações sexuais. Na maioria das pessoas, o HPV não causa doença, sendo eliminado pelo sistema imunológico. Em 5% dos casos, causará uma infecção benigna, e em apenas aproximadamente 1% deles, causará lesões importantes e precursoras do câncer de colo uterino.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o impacto do câncer no mundo em 2020 foi de 19,3 milhões de novos casos (18,1 milhões se forem excluídos os casos de câncer de pele não melanoma). Um em cada cinco indivíduos terá câncer durante sua vida (FERLAY et al., 2021; SUNG et al., 2021). 

Os dez principais tipos de câncer representam mais de 60% do total de casos novos. Um em cada cinco indivíduos terão câncer durante sua vida (FERLAY et al., 2021; SUNG et al., 2021). Os dez principais tipos de câncer representam mais de 60% do total de casos novos. 

O câncer de pulmão é o mais frequente em homens, com 1,4 milhão (14,3%) dos casos novos, seguido dos cânceres de próstata, com 1,4 milhão (14,1%); cólon e reto, com 1 milhão (10,6%); pele não melanoma, com 722 mil (7,2%); e estômago, com 719 mil (7,1%) 1 C33-C34 – traqueia, brônquio e pulmão. 2 C18-C21 – cólon, junção reto sigmoide, reto e ânus. Introdução 30 casos novos no mundo. 

Já nas mulheres, o câncer de mama é o mais incidente, com 2,3 milhões (24,5%) de casos novos, seguido pelos cânceres de cólon e reto, com 865 mil (9,4%); pulmão, com 771 mil (8,4%); colo do útero, com 604 mil (6,5%); e pele não melanoma, com 475 mil (5,2%) casos novos no mundo (FERLAY et al., 2020; SUNG et al., 2021

A incidência de câncer no mundo

O câncer de mama feminino é o mais incidente no mundo, com 2,3 milhões (11,7%) de casos novos, seguido pelo câncer de pulmão, com 2,2 milhões (11,4%); cólon e reto2, com 1,9 milhão (10,0%); próstata, com 1,4 milhão (7,3%); e pele não melanoma, com 1,2 milhão (6,2%) de casos novos.

Segundo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) critério estatístico que analisa a expectativa de vida, a educação (a média de escolaridade completados e os anos esperados de escolaridade ao entrar no sistema educacional) e indicadores de renda per capita, os países são classificados em quatro níveis de desenvolvimento humano.

Nos países com maior IDH, as taxas de incidência observadas em homens foram quase cinco vezes maiores do que em países com baixo IDH, enquanto, nas mulheres, essa razão foi de quatro. Nos países com alto IDH, o câncer mais incidente é o de pulmão (39,0 por 100 mil), seguido pelos cânceres de próstata (37,5 por 100 mil) e de cólon e reto (29,0 por 100 mil), enquanto, nos países com baixo ou médio IDH, há uma inversão entre o primeiro e o segundo, sendo próstata o mais incidente (11,3 por 100 mil), seguido do câncer de pulmão (10,3 por 100 mil). O terceiro câncer mais incidente em países com baixo ou médio IDH é o de lábio e cavidade oral (10,2 por 100 mil). Nas mulheres, as taxas ajustadas de incidência de câncer de mama são as maiores tanto em países com alto IDH (55,9 por 100 mil) quanto naqueles com baixo ou médio IDH (29,7 por 100 mil). O segundo mais incidente nos países com alto IDH são os cânceres de cólon e reto (20,0 por 100 mil), enquanto, nos países com baixo ou médio IDH, o segundo mais incidente é o câncer do colo do útero (18,8 por 100 mil) (SUNG et al., 2021).

Importância da vacinação contra o HPV 

As vacinas contra o HPV são uma ferramenta importante para a prevenção do câncer de colo uterino e o Brasil conta atualmente com duas vacinas contra o HPV: a vacina tetravalente contra HPV – HPV4V, disponível no Programa Nacional de Imunização (PNI), e a vacina nonavalente contra HPV – HPV9, que conta com cinco tipos de HPV adicionais e passa a ser recomendada preferencialmente pela Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), reforçando o objetivo de aumentar a proteção contra as doenças associadas ao HPV.

É importante dizer que a vacina tetravalente continua sendo muito efetiva e muito importante na prevenção e combate ao câncer de colo uterino.

O câncer do colo uterino ainda mata muitas mulheres no Brasil e no mundo. Estima-se que, em 2023, teremos 15,38 casos por 100.000 habitantes, segundo estimativa do INCA, número ainda muito superior ao objetivo estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o século, que é de menos de quatro casos a cada 100.000 habitantes.

A vacina protege contra quais vírus HPV?

A vacina HPV 4V nos protege contra os vírus de tipos 6, 11, 16 e 18.

A vacina HPV 9V nos protege contra os tipos de HPV 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58, causadores tanto de lesões pré-cancerosas como do câncer do colo do útero, vagina, vulva e ânus.

A vacina contra HPV deve ser aplicada (em esquema vacinal habitual) em mulheres com imunossupressão (transplantadas, portadoras de câncer ou que vivem com HIV/AIDS) devido ao maior risco de adquirir a infecção pelo HPV e de desenvolvimento do câncer do colo uterino e necessita de prescrição médica.

Quem pode tomar a vacina contra o HPV? 

As duas vacinas podem ser tomadas por homens e mulheres de 9 a 45 anos. Após essa idade, a vacinação é feita apenas com receita médica. 

A rede pública oferece a vacina HPV 4V para meninas e meninos de 9 a 14 anos e para imunossuprimidos de 9 a 45 anos.

A vacina HPV 9V está disponível apenas na rede privada até o momento.

Pessoas fora da faixa etária acima podem tomar a vacina com prescrição médica. 

Quem não pode receber a vacina contra o HPV?

A vacina é contraindicada a pessoas que desenvolveram alguma reação a vacina tomada anteriormente. Gestantes não podem tomar a vacina.  

Quantas doses ? 

HPV 4V e HPV 9V: ambas vacinas seguem o mesmo esquema vacinal:

  • De 9 a 14 anos são preconizadas duas doses com intervalo de seis meses entre elas.
  • De 15 a 45 anos ou mais são recomendadas três doses, com intervalo de dois meses entre a primeira e segunda doses, e intervalo de seis meses entre a segunda e terceira doses.

O esquema da vacina HPV 9V deve ser realizado por completo mesmo para quem já tomou a vacina HPV 4V.

Referências 

  1. Gardasil 9 (Human papillomavirus 9-valent vaccine, recombinant. US FDA approved product information; Whitehouse Station, NJ: Merck & Co, Inc. June 2020]
  2. SI-PNI – Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações. Estratégia de Vacinação contra HPV – 2015 Doses aplicadas da vacina HPV Quadrivalente Brasil. http://pni.datasus.gov.br/consulta_hv_15_C23.php
  3. https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files/media/document/estimativa-2023.pdfo
  4. https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/1621-informacoes-sobre-a-vacinacao-contra-hpv

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