1. O que é DIU?

DIU é a abreviação de dispositivo intrauterino. Também conhecido por LARC (long-acting reversible contraceptive – método contraceptivo reversível de longa duração).

Com certeza é uma excelente opção contraceptiva para mulheres que querem estar protegidas do risco de engravidar, mas que esquecem de tomar remédio com frequência.

2. Quais são os tipos de DIU?

Existem essencialmente três tipos de DIU: de cobre, de cobre e prata (popularmente chamado “DIU de prata”), e hormonal. O DIU hormonal é também chamado de DIU medicado ou de Sistema Intrauterino de Levonorgestrel (SIU-LNG), e é comercializado no Brasil com os nomes Mirena® ou Kyleena®.

3. Como funciona o DIU?

Todos os tipos de DIU tornam o ambiente dentro da cavidade uterina hostil aos espermatozoides. O muco cervical torna-se espesso, alterando a movimentação dos espermatozoides, impedindo a fecundação e, consequentemente, a gravidez.

O DIU hormonal conta também com o efeito anovulatório, ou seja, inibe a ovulação.

4. Como o DIU é colocado dentro do útero?

DIU é composto de um material flexível, em forma de T, Y ou gama, com sua extremidade mais longa ligada a um fio. O DIU vem “fechado” dentro de um tubo fino e flexível chamado insertor. O médico introduz o insertor pela vagina, atravessa o colo do útero e, uma vez adequadamente posicionado no interior da cavidade uterina, retira-o delicadamente, fazendo com que o DIU saia do insertor e se “abra” dentro do útero em sua posição definitiva.

O fio, por sua vez, atravessa o colo uterino e termina dois a três centímetros para além do colo, ficando a extremidade acomodada no fundo da vagina. A finalidade do fio é servir ao controle do DIU e à sua retirada quando não mais desejado.

5. Colocar o DIU dói?

Ter dor na colocação do DIU varia de mulher para mulher. As mulheres que tiveram parto normal costumam tem mais facilidade para colocar o DIU. Por outro lado, mulheres na menopausa ou as que nunca tiveram nenhum parto normal frequentemente possuem o orifício do colo mais estreito e, consequentemente, mais dificuldade.

Após muitos anos de experiência, tenho preferido realizar o procedimento de colocação do DIU em ambiente hospitalar, sob um tipo de anestesia conhecido por sedação, pois a maioria das minhas pacientes sentia alguma dor durante a colocação do DIU e, algumas, chegavam a referir dor intensa. No hospital, a mulher é internada no chamado day-hospital (tipo de internação que dura apenas algumas horas), o procedimento é rápido, ela não sente dor alguma durante o procedimento e, em geral, recebe alta no mesmo dia.

6. Quem pode usar DIU?

O DIU pode ser utilizado como método contraceptivo em mulheres que já iniciaram a atividade sexual. Pode ser usado por adolescentes e mulheres durante a amamentação.

Além de utilizado para evitar gravidez, o DIU hormonal pode ser usado no tratamento de endometriose, mioma uterino, adenomiose e na reposição de progesterona em mulheres menopausadas.

7. Quem não pode usar DIU?

O DIU não deve ser colocado em mulheres grávidas ou com suspeita de gravidez.

Também não podem usar DIU as mulheres com úteros malformados, com doenças inflamatórias pélvicas, com infecções genitais, com câncer de colo do útero, com câncer de endométrio.

Mulheres com exame de prevenção do câncer do útero alterado também não devem colocar o DIU.

Qualquer sangramento vaginal inesperado e sem causa conhecida deve ser investigado antes da colocação do DIU para garantir que não haja nenhuma contra indicação para o método.

O DIU hormonal não pode ser usado por mulheres que apresentem doenças chamadas hormônio dependentes (doenças onde o uso de hormônio é contraindicado), tais como câncer de mama ou trombose.

8. DIU engorda?

O DIU de cobre e o DIU de prata não costumam promover alteração do peso da mulher.

O DIU medicado pode contribuir discretamente para o aumento de peso por atuar no perfil hormonal da mulher. Rotinas com alimentação saudável e exercícios físicos são normalmente suficientes para manter o peso estável.

9. Posso usar coletor menstrual ou absorvente interno com DIU?

Normalmente não há problema em utilizar o coletor menstrual ou o absorvente interno com DIU, porque o DIU está dentro da cavidade uterina e apenas a extremidade do fio do DIU encontra-se fora do útero, no fundo da vagina. A mulher deve tomar cuidado ao manipular esses itens na vagina para não puxar acidentalmente o fio do DIU.

10. Quais os efeitos colaterais do DIU?

O efeito colateral mais comum após a colocação do DIU é o sangramento irregular, que costuma ser de pouca intensidade.

Devido ao processo inflamatório que o cobre causa no útero, ainda que amenizado pela associação à prata, o DIU não hormonal pode causar um aumento no fluxo menstrual e nas cólicas menstruais, controlados facilmente com analgésicos e anti-inflamatórios.

Muitas mulheres esperam a diminuição do fluxo menstrual após a colocação do DIU hormonal. Isso realmente pode acontecer, mas é preciso saber que após a inserção do DIU hormonal, sangramentos menstruais irregulares podem ser observados.  São os chamados escapes e podem durar de 3 a 6 meses. Geralmente os escapes acontecem em pouca quantidade e com aspecto de borra de café. Raramente o sangramento se assemelha a uma menstruação normal. Embora o período de adaptação incomode, o índice de satisfação entre as usuárias do DIU hormonal é alto e as mulheres geralmente não abandonam o método por conta desses efeitos que, como vimos, costumam ser transitórios.

11. Quais os cuidados após a inserção do DIU?

Logo após e até por alguns dias após a inserção do DIU, a mulher pode perceber um pequeno sangramento vaginal, bem como cólicas eventuais que normalmente melhoram com analgésicos comuns. São efeitos que, quando ocorrem, frequentemente têm curta duração, mas a mulher deve ficar prevenida.

Relações sexuais devem ser evitadas nas primeiras 24 horas após a inserção do DIU.

Uma visita ao ginecologista e uma ultrassonografia devem ser realizadas entre 4 a 12 semanas após a inserção do DIU.

Visitas a cada 6 meses ao ginecologista devem ser feitas para avaliar o DIU.

Em caso de cólicas fortes, muito frequentes, aparecimento de corrimentos vaginais, odor vaginal ou dor na relação sexual, recomenda-se o retorno ao ginecologista para avaliação.

12. Quanto tempo dura um DIU?

Algumas pessoas confundem duração e validade. A validade do DIU é expressa por uma data que representa o limite de prazo para a colocação do DIU. Esta data vem impressa na embalagem do DIU e, uma vez vencida, o DIU não deve ser inserido na cavidade uterina.

Já a duração se refere ao tempo máximo que o DIU produz os efeitos esperados uma vez inserido no interior do útero.

Após sua inserção no útero, o DIU não hormonal dura de três a dez anos, enquanto o DIU hormonal dura cinco anos.

É importante frisar que o DIU pode ser retirado antes do término de sua duração, caso seja desejo da paciente, razão pela qual é classificado como um método contraceptivo reversível.

13. Posso ter complicações com o DIU?

As complicações do uso do DIU são bastante raras: infecções pélvicas, expulsão do DIU, deslocamento do DIU da cavidade uterina e, mais raramente ainda, perfuração do útero durante a colocação do DIU.

14. Posso usar DIU após o parto?

Embora a literatura não restrinja o uso dos DIU não hormonais desde o pós-parto imediato, tenho inserido DIU, hormonais ou não, após o término do puerpério, o que leva em média seis semanas.

O DIU não interfere na amamentação.

15. Fui ao ginecologista e ele não viu o fio do DIU, e agora?

O fio do DIU serve para controle do DIU e costuma ser visto no fundo da vagina durante o exame ginecológico. Em poucos casos, o fio entra e fica no colo do útero ou na cavidade uterina. Isso não é problema se o DIU estiver na posição correta, o que pode ser visto ao ultrassom.

A histeroscopia pode ser utilizada para retirar o DIU sem fio aparente.

16. Quanto tempo depois de retirar o DIU posso engravidar?

O DIU não interfere permanentemente na fertilidade.

Assim que o DIU de cobre ou DIU de prata é retirado, a mulher volta a poder engravidar.

A mulher pode levar até três meses para retornar a menstruar normalmente e engravidar após a retirada do DIU hormonal.

17. O DIU previne contra infecções sexualmente transmissíveis?

O DIU não previne contra as infecções sexualmente transmissíveis como HIV, sífilis, hepatite B, hepatite C e outras. Portanto, é muito importante associar o uso de preservativos (masculino, feminino) durante as relações sexuais.