Desde a sua descoberta, em 1922, até a década de 1990, acreditava-se que a única função da vitamina D era contribuir para a saúde óssea. Nas últimas décadas, descobriu-se que, além de atuar em conjunto com o PTH (paratormônio) no sistema musculoesquelético, a vitamina D atua também nos sistemas imunológico e cardiovascular, bem como interage com diversos hormônios.

As vitaminas são nutrientes essenciais que participam do nosso metabolismo e são adquiridas da dieta. São importantes para manter nossa pele e mucosas saudáveis, atuam no nosso sistema imunológico e são fundamentais na cura de algumas doenças, sendo indispensáveis para manter a vida saudável.

Considerada pelos estudiosos não apenas como uma vitamina mas como um “pré-hormônio”, a biodisponibilidade (percentual aproveitado pelo organismo) da vitamina D, depende da sua sintetização pela pele, do seu consumo via oral, da absorção intestinal, da velocidade de seu metabolismo, e do seu armazenamento no tecido gorduroso.

Diversos estudos têm demonstrado também que a vitamina D tem funções na regulação de várias reações químicas celulares em nosso organismo, além de regular a expressão de muitos genes. Vários órgãos têm receptores para vitamina D, possuindo importante papel na prevenção de muitas doenças. 

Segundo dados da literatura científica, os efeitos antimicrobiano, anti-inflamatório e modulador da vitamina D no sistema imunológico podem trazer benefícios para pacientes com tuberculose, endometriose, câncer, psoríase, asma, diabetes, alterações cardiovasculares, Alzheimer e depressão, desde que associada ao tratamento específico de cada doença e sob supervisão médica.

Como o corpo produz vitamina D?

A maior parte da vitamina D que utilizamos é produzida pelo nosso corpo (produção endógena) a partir da pele, e depende de exposição à luz solar. Uma pequena fração das nossas necessidades de vitamina D vem de fontes alimentares como: óleo de salmão, sardinha, atum, leite, queijos, iogurte, fígado e gema de ovo.

Os raios solares UVB atingem a camada superficial da pele, modificando o 7-dehidrocolesterol (7-DHC) e transformando-o colecalciferol, substância conhecida como vitamina D3. É o colecalciferol que chega ao fígado e aos rins, onde sofre ação de algumas enzimas, sendo transformado em calcitriol ou 1,25 dihidroxicholecalciferol a forma ativa da vitamina D que tem a propriedade de aumentar a absorção de cálcio e fósforo pelo intestino.

A deficiência de vitamina D

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que cerca de metade da população mundial tenha déficit de vitamina D (hipovitaminose D) em algum nível, o que representa um problema de saúde pública em vários países, inclusive no Brasil.

A pessoa com falta da vitamina D pode ser assintomática ou apresentar sintomas como fraqueza muscular, dores crônicas e cansaço. A deficiência da vitamina D está comprovadamente relacionada a várias doenças do metabolismo ósseo, como osteomalácia, osteoporose e retardo de crescimento.

A falta extrema ou prolongada da vitamina D, de causa nutricional ou genética associada, pode causar o raquitismo. É uma doença onde pode haver, além da deficiência de vitamina D, também a deficiência de cálcio. Observam-se retardo de crescimento, fraqueza, dores na coluna e pernas arqueadas. Seu tratamento envolve suplemento de cálcio, vitamina D e, eventualmente, cirurgia. No Brasil, o raquistismo hipofosfatêmico, mais associado ao fator genético, acomete cerca de um a cada 20 mil nascidos vivos.

A vitamina D tem papel importante durante a gestação e a sua deficiência está associada com maior risco de aborto habitual, de pré-eclâmpsia, de diabetes gestacional e de parto prematuro, bem como de alterações ósseas e de crescimento do feto.

É consenso que o exame de sangue 25 OH vitamina D é o melhor indicador para avaliar o status de uma pessoa quanto à vitamina D. Os valores de vitamina D esperados variam de acordo com a idade, doenças existentes e fatores de risco, e ainda não estão totalmente estabelecidos.

Como podemos adquirir vitamina D?

Inúmeros esforços vêm sendo feitos pelas sociedades médicas, para o desenvolvimento de recomendações baseadas em evidências científicas, tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento da deficiência de vitamina D.

  • Sol 

Sabemos que são necessários 15 a 20 minutos de exposição solar diária sem proteção solar para garantir a produção adequada de vitamina D, e se recomenda também que essa exposição seja feita antes das 10 horas da manhã ou após as 16 horas para evitar a exposição excessiva aos raios ultravioletas e minimizar o risco de câncer de pele. 

  • Alimentação

A ingestão diária de vitamina D para adultos varia de 600 a 800 UI (unidades internacionais) por dia, podendo variar de acordo com necessidades pessoais.

Alguns alimentos são fonte de vitamina D.

  • Suplemento 

Existem inúmeras fórmulas com vitamina D à venda nas farmácias, mas o seu uso deve ser acompanhado pelo médico. Doses excessivas de vitamina D podem levar a alterações gastrointestinais e do sistema nervoso. 

(http://dx.doi.org/10.1590/2175-8239-jbn-2019-0192 )

COVID-19 e vitamina D

Devido ao isolamento social, algumas pessoas podem apresentar queda nos níveis de vitamina D em decorrência da baixa exposição ao sol. Isso não significa que devemos usar suplemento de vitamina D por conta própria. O excesso de vitamina D pode alterar o metabolismo da paratireoide e do cálcio, podendo levar a casos de insuficiência renal e até mesmo à morte.

A recomendação é procurar o seu médico para fazer uma avaliação quanto à necessidade ou não de suplementação.  

Quanto à suposta eficácia da suplementação da Vitamina D para a prevenção da COVID-19, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO) publicaram conjuntamente uma nota, em abril 2020, deixando claro não haver qualquer evidência nesse sentido. (https://www.endocrino.org.br/nota-de-esclarecimento-vitamina-d-e-covid-19/)

Quais os valores de referência para vitamina D?

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) afirma que os valores de referência para o 25 OH vitamina D são:

  • Superior a 20 ng/mL: desejável para população geral saudável;
  • Entre 30 e 60 ng/mL: recomendado para grupos de risco (idosos, gestantes, pacientes com osteomalácia, raquitismos, osteoporose, hiperparatireoidismo secundário, doenças inflamatórias, doenças autoimunes e renal crônica e pré-bariátricos);
  • Entre 10 e 20 ng/mL: baixo, com risco de aumento da remodelação óssea e, com isso, perda de massa óssea, além do risco de osteoporose e de fraturas;
  • Inferior a 10 ng/mL: muito baixo, com risco de evoluir com defeito na mineralização óssea (osteomalácia) e raquitismo;
  • Acima de 100 ng/mL: elevado, com risco de hipercalcemia (quando a quantidade de cálcio no sangue é maior do que o normal) e intoxicação 

(Fonte: https://www.endocrino.org.br/vitamina-d-novos-valores-de-referencia/)

Uma forma interessante de adquirir vitamina D é praticar exercícios ao ar livre, além da ingestão de dieta equilibrada.

Procure seu médico para exames periódicos. Contribua para sua saúde.