A gestação é um momento tão desejado, com tantos planos e expectativas, porém, depois do nascimento, nem sempre as coisas são tão simples. O período pós-parto é cheio de mudanças e desafios. Uma das questões principais é o aleitamento materno.
Além dos inúmeros benefícios para a saúde do bebê, o ato de amamentar é benéfico à saúde da mãe. Nota-se menor sangramento pós-parto, recuperação mais rápida do peso pré-gestacional e, inclusive, menor prevalência de neoplasias futuras, como de mama, de ovário e de endométrio.
O leite materno é um alimento extremamente rico, composto principalmente por água e muitos nutrientes, como proteínas, carboidratos e gorduras. Inicialmente, nos primeiros dias após o parto, é chamado de “colostro”. Este é muito rico em proteínas, fontes de defesa para o bebê, e contém menos gorduras quando comparado ao leite maduro, que começa após aproximadamente uma semana do parto. A composição do leite materno se altera ao longo da mamada. No começo, possui grande quantidade de água e, então, a quantidade de gordura vai aumentando. Este leite, chamado de “posterior”, rico em calorias, ajuda no crescimento da criança por ser rico em fontes de energia, e gera maior saciedade. Por isso é importante que o bebê esvazie completamente uma mama antes que seja oferecida a outra mama.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o aleitamento como fonte exclusiva de alimentação nos seis primeiros meses de vida, sendo considerado um alimento forte e completo, e até os dois anos com mudanças na alimentação conforme orientações do pediatra.

São poucas as situações onde há restrição ao aleitamento materno. Nas seguintes situações, o aleitamento materno não deve ser realizado: nas mães infectadas pelo HIV, naquelas que usem medicações contraindicadas à amamentação (ex.: certas drogas contra o câncer), nas mães infectadas pelo HTLV1 e HTLV2 (vírus da leucemia humana T-cell) e nas criança portadora de galactosemia, doença rara em que ela não pode ingerir leite humano ou qualquer outro que contenha lactose.

Uma questão atual é se a mulheres com COVID-19 podem amamentar. A resposta é sim, se assim desejarem. É consenso que o recém-nascido não deve ser afastado da mãe a não ser que esta esteja sem condições clínicas para cuidar dele. O bebê e a mãe devem permanecer juntos e isolados e  a investigação para coronavírus também deverá ser feita no bebê. A mãe deve usar máscara durante a amamentação e lavar bem as mãos, antes e após tocar o recém-nascido.

O obstetra tem papel fundamental no atendimento pré-natal, durante o parto e no puerpério, com várias oportunidades de atuar de forma positiva nas questões deste tema. Nosso objetivo é estar ao lado da paciente e família para garantir o sucesso da amamentação.

Que tal algumas dicas para garantir o aleitamento materno?

  1. Informar-se sobre o processo de amamentação durante o pré-natal.
  2. O contato pele a pele após o parto ajuda a adaptação do recém-nascido e favorece o aleitamento materno.
  3. Iniciar o aleitamento materno o mais precocemente possível, de preferência na primeira hora de vida, fortalece a saúde do bebê, que já inicia o recebimento do colostro.
  4. Para os partos realizados em hospitais, o alojamento conjunto (mãe e bebê ficam juntos o maior tempo possível) favorece tanto o aleitamento materno quando a formação do vínculo com os pais.
  5. O ambiente confortável e tranquilo favorece o aleitamento materno.
  6. Procure o apoio de família e amigos.
  7. Recomenda-se que a criança seja amamentada na hora que ela quiser e quantas vezes ela quiser, ou seja, o bebê não tem hora para mamar (livre demanda). 
  8. O principal estímulo para a produção do leite é a sucção do bebê. Quanto mais for amamentado, maior a produção de leite pela mãe.
  9. O uso de conchas e absorventes deve ser evitado, pois podem favorecer o desenvolvimento de fissuras e infecções nas mamas.
  10. A mulher que está amamentando não deve fumar nem fazer uso de bebidas alcoólicas.
  11. Não há necessidade de alteração do hábito de ingestão de líquidos pela mãe. O consumo de deve seguir a sua sede.
  12. Após esvaziar uma mama, a outra pode ser oferecida na mesma mamada.
  13. As principais causas de desmame precoce são a insegurança da mãe e as intercorrências nas mamas, como dor, fissuras e mastites.
  14. O leite materno é o alimento completo para o bebê até seis meses de idade.
  15. Alguns remédios que a mãe toma podem passar para o leite materno. Portanto, a mãe que está amamentando deve informar ao seu médico e seguir as suas orientações.
  16. Existem anticoncepcionais que podem ser utilizados durante a amamentação. É importante conversar com seu médico sobre planejamento familiar.
  17. Caso tenha dificuldade em amamentar, solicite ajuda na própria maternidade ou converse com seu médico.
  18. Conheça diferentes posições para melhorar a técnica do aleitamento.