Está na hora de levar? Quais os assuntos que serão abordados na consulta? Quem é o médico mais indicado? Vão falar sobre sexo? Será examinada pelo médico? Como prevenir gestação precoce?

Depois de anos de experiência, pude perceber que a consulta com o ginecologista está recheada de mitos e simbolismos e que, além das dúvidas da própria menina, seus responsáveis também apresentam muitos questionamentos sobre os diversos temas relacionados.

Não há dúvida que sintomas como corrimento vaginal, prurido genital, alterações nas mamas (modificação na pele, mudanças na forma ou no tamanho, presença de nódulos ou espessamentos), aumento de pelos pelo corpo, presença de dor abdominal, cólicas ou irregularidade menstrual, dor ao urinar ou sangramento na urina, bem como queixas sexuais, merecem a avaliação do ginecologista independentemente da idade da paciente. Contundo, a própria entrada na puberdade, com todas as transformações fisiológicas, psicológicas e sociais que aí se iniciam, requer o início de novas atitudes e cuidados com a saúde.

Não existe uma regra e sim uma recomendação de levar a menina ao ginecologista por volta dos 10 anos e antes de menstruar. Nessa consulta, o médico poderá explicar como acontecerá a menstruação além de esclarecer as dúvidas e expectativas da menina sobre essa nova fase.
Também não há regras sobre a periodicidade das visitas ao ginecologista, mas a recomendação é que sejam feitas uma vez por ano ou mais.

A visita ao ginecologista após a primeira menstruação, por exemplo, além de permitir uma avaliação da saúde da jovem de forma geral, é também uma oportunidade para a avaliação das questões relacionadas à puberdade, a observação do desenvolvimento das mamas e a avaliação do ciclo menstrual. Além disso, questões como o aparecimento de acne, o aumento da oleosidade da pele e outras queixas frequentes da adolescente são abordadas pelo ginecologista.

Motivo de insegurança das meninas e de seus pais, o exame físico que o médico realiza após a conversa com a paciente é parte importante da consulta médica. Além de realizar um exame clínico geral, o ginecologista examina as mamas, o abdome e os genitais. Nas meninas que ainda não iniciaram a atividade sexual, o exame limita-se à parte externa da área genital. Para as demais, o exame ginecológico inclui a avaliação interna, realizada com o auxílio de um aparelho chamado espéculo vaginal. O exame é realizado de forma rápida e indolor, sem mais que um leve desconforto durante a realização.

O exame especular permite ao médico visualizar a parte interna da vagina e o colo uterino. É possível analisar a secreção vaginal, observar eventuais alterações da parede vaginal, bem como identificar a presença de cistos ou nódulos. Também permite identificar eventuais alterações no colo uterino, tais como modificações ou lesões em sua superfície ou a presença de pólipos, bem como realizar a coleta de exames como Papanicolau e a colposcopia.

Pontos importantes tratados durante a consulta ginecológica são as questões relacionadas à sexualidade. De forma geral, a adolescente já traz algumas informações obtidas da escola, dos pais ou de amigos, e muitas dúvidas também. Frequentemente, essas informações não são suficientes para orientar os cuidados que deve passar a ter com sua saúde, ou a levam até mesmo a agir de forma equivocada e deletéria. O ginecologista esclarece as dúvidas e conversa sobre todos os assuntos importantes para a jovem sentir-se segura nessa fase da sua vida. São tratados assuntos que vão desde o funcionamento do próprio organismo da adolescente até a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, passando por orientações sobre higiene íntima, métodos para evitar uma gestação precoce e outros.

Por todos esses aspectos, a escolha do ginecologista é um ponto chave. Além da capacitação técnica, é fundamental que se estabeleça uma relação de empatia e confiança, deixando sempre aberto um canal de apoio e orientação para todas as descobertas dessa fase.