Quando a menstruação é considerada excessiva?
Durante cada ciclo menstrual, período que dura de 24 a 38 dias e que vai do primeiro dia da menstruação até o dia anterior ao início da próxima, o volume de sangramento menstrual normal varia entre 30 ml e 80 ml, distribuídos em cerca de sete dias de menstruação.
Menstruações com volumes acima de 80 ml ou com mais de sete dias de duração são consideradas excessivas, fenômeno chamado de menorragia, hipermenorreia ou hemorragia menstrual.
Como medir a menstruação excessiva?
Medir o volume da menstruação pode ser mais fácil para a mulher que utiliza coletores menstruais, no entanto, essa medida não é precisa e será indireta se a mulher utilizar absorventes.
Trocar absorventes ou coletores menstruais cheios em curtos intervalos de tempo, como de hora em hora, por exemplo, podem sugerir que está menstruando excessivamente.
Quais sintomas podemos observar quando a menstruação é excessiva?
Mulheres com menstruações excessivas podem não ter outros sintomas além do sangramento propriamente dito.
Entretanto, a mulher com menorragia deve se manter atenta e procurar avaliação médica quando:
- Observar coágulos (pedaços “solidificados” de sangue) na sua menstruação;
- Precisar acordar à noite para trocar o absorvente;
- Manchar a roupa de cama;
- Manchar a roupa pessoal;
- Manifestar cansaço, fraqueza, palidez, palpitações, que podem ser sinais de anemia;
- Tiver queda na imunidade, apresentando, por exemplo, infecções de repetição;
- Apresentar secreção semelhante ao leite pela mama;
- Cólicas menstruais intensas;
- Dor nas relações sexuais;
- Queda de cabelo;
- Unhas enfraquecidas;
- Falta de apetite.
Quais são as causas de menstruação excessiva?
Nem sempre é possível identificar a causa da menstruação excessiva, mas algumas das principais causas são:
- Miomas uterinos;
- Adenomiose;
- Distúrbios de coagulação;
- Distúrbios de ovulação;
- Uso de DIU;
- Alterações hormonais (ex.: alterações dos hormônios da tireoide ou da prolactina);
- Câncer;
- Pólipos uterinos;
- Medicações que levam ao aumento do fluxo menstrual como efeito colateral, como por exemplo o uso de hormônios em algumas mulheres.
Como controlar a menstruação excessiva?
É importante ressaltar que a avaliação médica é fundamental para identificar a causa da menstruação excessiva e para orientar o tratamento.
Procure o médico o quanto antes e não se automedique!
- Dieta e suplementos
Mantenha uma alimentação equilibrada. Aumente o consumo de alimentos ricos em ferro, como as carnes em geral (carne vermelha, frango, peixe, porco), ovos, leguminosas (feijão, lentilha, grão de bico), verduras verde-escuras (espinafre, brócolis, couve, rúcula, agrião), oleaginosas (gergelim, castanha de caju).
Em alguns casos, é necessária a suplementação com ferro e vitaminas, por via oral ou por via endovenosa (opção nos casos mais severos ou quando necessitamos de uma recuperação mais rápida, como antes de uma cirurgia por exemplo).
As transfusões sanguíneas são raras, mas fundamentais em casos graves. São necessárias quando há forte anemia. São seguras e conseguem restabelecer o quadro clínico de forma rápida.
- Medicamentos não hormonais
Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINE) atuam na diminuição dos níveis das prostaglandinas e, consequentemente, provocam a diminuição do fluxo sanguíneo. Podem diminuir a cólica menstrual, sintoma que frequentemente acompanha o quadro. Não são eficientes para todos os casos e possuem limitações de uso, sendo contraindicados, por exemplo, em pessoas com problemas gastrointestinais como úlceras ou gastrite.
O ácido tranexâmico é uma medicação utilizada para controle de sangramento e para estabilização do coágulo sanguíneo. Não é eficiente em todos os casos e possui limitações de uso, não devendo ser usado em mulheres com histórico de trombose ou de embolia.
- Hormônios
O uso de hormônios pode ser uma opção para o controle do fluxo menstrual, mas é importante ressaltar que não devem ser utilizados antes de identificar a causa do sangramento excessivo e nem nas mulheres que apresentem contraindicações, como nas portadoras de câncer de mama, trombose e embolia.
Podem ser usados DIU hormonal, pílula anticoncepcional oral, implante sub dérmico, injeção intramuscular, adesivo transdérmico ou anel vaginal.
- Cirurgias
Cirurgias são necessárias dependendo da causa da hemorragia menstrual, podendo ser realizadas através de diferentes técnicas cirúrgicas.
Procure o médico caso apresente sinal ou sintoma de menstruação excessiva. Em caso de saída de fluxo vermelho, com coágulos e trocas de coletor menstrual cheio ou absorvente grande cheio a cada 1 hora, procure uma avaliação médica no pronto socorro.
Não deixe de procurar avaliação ginecológica
O desenvolvimento dos caracteres sexuais femininos secundários, como o desenvolvimento das mamas, o acúmulo de gordura corporal e o surgimento dos pêlos, acontece na menina na puberdade quando o nível de estrogênio aumenta. Este hormônio participa do ciclo menstrual, do crescimento do útero, da lubrificação vaginal e do espessamento do endométrio. No metabolismo, o estrogênio atua na síntese de proteínas hepáticas, na remodelação do tecido ósseo e na expressão de muitos genes, além de modular o sistema imunológico.
Há diversas situações em que o organismo pode sofrer maior exposição à ação do estrogênio e, consequentemente, ter o risco do desenvolvimento da endometriose aumentado:
- nos quadros de obesidade ou de sobrepeso;
- nas mulheres que tiveram sua primeira menstruação (menarca) precocemente (antes dos 12 anos de idade);
- naquelas em que os ciclos menstruais forem mais curtos;
- nas mulheres que apresentam fluxo menstrual intenso.
Além da exposição aumentada ao estrogênio, outros fatores contribuem para o desenvolvimento da doença. Já há algum tempo que diversos genes vêm sendo associados pela comunidade científica que estuda o assunto ao desenvolvimento da endometriose. Alguns estudos científicos sugerem que ter avó, mãe ou irmã com endometriose aumenta em cerca de sete a dez vezes o risco de desenvolver a doença.
O risco também aumenta se a mulher mantiver um estilo de vida não saudável:
- ter sono de má qualidade;
- não praticar exercícios físicos regulares;
- consumir excesso açúcar ou carboidratos em geral;
- consumir álcool.
Muitas pesquisas têm sido feitas com o objetivo de identificar se existem condições neonatais ou na infância que possam estar associadas a um maior risco da doença. Prematuridade, baixo peso ao nascer e alimentação com fórmulas foram citadas por pesquisas como fatores de risco para endometriose, porém mais estudos científicos serão necessários para esclarecer esses fatores.




